Desenfreados, todos estão à procura de uma resposta, à procura de um resultado universal válido para todas as situações, todos estão à busca da cura de suas doenças, todos estão em busca de alguém ou algo que preencha o vazio existencial, ou não, de suas almas cansadas.
Todos querem conforto, retidão, perdão, compreensão, fuga, esconderijo, amor e não veem as delicadezas escondidas atrás de uma música, não enxergam a beleza das cores expostas pela luz do dia, pelo cair da noite, nas sombras. Não veem a doçura de uma poesia, não entendem o encanto de todas as palavras, não conseguem perceber que são criadores, atores de um espetáculo cotidiano que insistem em transformar em meras rotinas de horas marcadas pelo movimento de máquinas pálidas, por vezes gélidas.
Todos estão esperando em filas para o abate inevitável e muitos não se dão conta de que já foram abatidos pela inércia, por assentir com as cláusulas não lidas, pelas escolhas impostas e postas sobre a mesa e devoram, devoram até se fartarem do pão podre e se matarem por não viver.
Todos expõem seus medos e se agarram a eles como salvação!
Todos escondem seu amor!
Todos fecham os olhos para a dor alheia!
Todos cutucam a ferida exposta e sangram, e riem, e dançam na mediocridade.
Todos se veem como única verdade, como se esta fosse a razão única de vossas existências.
E os dias passam, a vida se esvai, a música acaba, a poesia se finda e de nada valerá o remorso, não há volta...
Ainda assim, há sempre a esperança das exceções...
O tempo que passa em nossa pele
quinta-feira, 20 de dezembro de 2012
quarta-feira, 1 de agosto de 2012
Para me encontrar
Para me encontrar
Feche os olhos
Abra a alma
Estarei ali
Dentro de ti.
Toque-me com sua voz
Feche os olhos
Abra a alma
Estarei ali
Dentro de ti.
Toque-me com sua voz
Prove-me com seus olhos
Cubra-me com sua boca.
Para me encontrar
Estenda os braços
Me ofereça colo
Deitarei ali
Sobre ti
Fala-me ao ouvido
Beija-me os ombros
E devora-me.
Cubra-me com sua boca.
Para me encontrar
Estenda os braços
Me ofereça colo
Deitarei ali
Sobre ti
Fala-me ao ouvido
Beija-me os ombros
E devora-me.
Cabe em meu peito um universo imensurável, desconhecido.
Um macro cosmo em um ciclo permanente de destruição e reconstrução que transcende, transborda, ultrapassa.
Um cosmo de astros em movimento disforme, desconexos, chocam-se, explodem e
Um macro cosmo em um ciclo permanente de destruição e reconstrução que transcende, transborda, ultrapassa.
Um cosmo de astros em movimento disforme, desconexos, chocam-se, explodem e
escorrem a face em gotas brilhantes, luz própria que se apaga na boca.
Na boca se converte em palavras engolidas, empurradas garganta abaixo, percorrem o corpo até chegarem às mãos e discorrem incertas, inventando outros universos paralelos, alternativos, onde os olhos são pontes entre as pessoas, onde as flores brotam das janelas, onde há música a sair dos ouvidos, onde o tempo não existe e o vento abraça a face.
Abismos furta cor furtam saltos, voos e danças por entre fendas, danças que tecem poesias, encanto para as almas. Dos rios se bebe a vida e a vida é brindada enquanto se respira.
Na boca se converte em palavras engolidas, empurradas garganta abaixo, percorrem o corpo até chegarem às mãos e discorrem incertas, inventando outros universos paralelos, alternativos, onde os olhos são pontes entre as pessoas, onde as flores brotam das janelas, onde há música a sair dos ouvidos, onde o tempo não existe e o vento abraça a face.
Abismos furta cor furtam saltos, voos e danças por entre fendas, danças que tecem poesias, encanto para as almas. Dos rios se bebe a vida e a vida é brindada enquanto se respira.
quinta-feira, 26 de julho de 2012
Flores Mortas
Sempre pensou “a vida é uma sonho” e agora desejava acordar
deste sonho.
Lembranças a atormentavam, algumas delas tinha vivido com
toda intensidade, se entregado de corpo e alma e agora tentava, com toda força
do teu ser, esquecê-las. Outras eram seus castelos de areia, construídos a cada
manhã, a cada noite. Sonhos e realidades que já não se distinguiam.
Palavras infinitas foram sendo construídas, misturadas à
areia de seus castelos. Apegou-se a essas palavras com uma fé cega, fé
infantil, de contos de fadas e desejou como só um ser dominado pela paixão
deseja.
O tempo... Para ela, o agora, o instante. Para ele, um dia,
quem sabe. Para ela, não havia mais tempo para perder tempo. Para ele, ah, se
eu tivesse mais tempo.
Desencontros, desencantos.
A dúvida e a incerteza são companheiras em todos os dias.
Todos estão perdidos, jogados ao acaso e à surpresa. Ela se encantava com toda
a surpresa, pois via a beleza chegar de repente e não queria perder nada ao
piscar os olhos. Ele, perdido, não se conformava em não descobrir o caminho e
não vivia. Anular a vida era algo impensável para ela e decidiu se perder do
labirinto dele.
As palavras que antes ergueram as muralhas de seu castelo
tornaram-se as águas que o desmancharam e o tardio adeus foi escrito e enviado.
Mas a vida é um sonho e nele se encontraram. Perdidos pelas
ruas da cidade, unidos por um silêncio profundo, sepulcral, quebrado por um
riso irônico, sarcástico dele e por gritos desesperados e inaudíveis dela.
Talvez ela gritasse tudo o que ficara engasgado, talvez ele risse apenas por
gosto de vê-la em fúria. Como saber? As únicas certezas eram a fumaça sufocante
que exalava daquele riso e o desespero dos gestos dela.
Ele queria um caminho naquele emaranhado de ruas, sabia
agora onde queria chegar, ela lhe mostrava o caminho que ele teimava em não
encontrar. Fumaça, desespero e riso.
Chegaram, enfim, a um lugar comum, mas suas almas já haviam
se desencontrado há tempos. A presença daquele corpo a incomodava, o desespero
a consumia, mas as palavras haviam abandonado ela de vez, já não tinha forças,
apenas desejava, desejava não vê-lo, não ver aquele sorriso, aqueles olhos que
um dia quis. Aquela presença a sufocava, aquele escuro abafado a angustiava. O
lugar que deveria inspirar balões coloridos, presentes, brigadeiros, bolo e
crianças correndo e sorrindo estava habitado por um único riso sujo e flores
mortas.
As flores mortas, murchas, secas nas mãos desesperadas dela
tinham a obrigação de se converterem em uma alegria infante, mas tudo estava
morto e ela não tinha forças, nem palavras.
Foi o desespero que a tirou dali e foi esse mesmo desespero
que fez com que ele a seguisse. Quanto mais ela desejava distância, mais ele se
aproximava.
A noite esfumaçada encobria a cidade e pelas ruas apenas os
dois e o desejo dela de se livrar dele,
de acordar daquela vida.
Ele cada vez mais perto, as palavras cada vez mais
distantes, já não havia nem o grito silencioso de seu desespero, mas ainda
persistia aquele riso imundo na boca dele. A alcançou, a segurou. Queria de
volta o estado permanente do caminho não encontrado, queria de volta aquela fé
cega que ela lhe entregara, queria lhe impor sua falta de tempo, o estado
mórbido das palavras jogadas ao vento, sua prontidão a ouvir seus pesares e
desamores.
Mas já não havia nenhuma palavra, nem de encanto, nem de
raiva, sem forças, ela se entregou aquele riso,
àquela boca. Boca morta, beijo morto, como as flores que há pouco
segurava. Beijo que sugava o que lhe restava de belo em sua alma. Asco e ânsia
se espalhavam pelo seu corpo, sentia a podridão morta daquele riso a lhe descer
pela garganta.
Boca morta, flores mortas, alma morta.
Já era dia, havia uma lágrima a lhe escorrer a face, um
gosto de morte na boca e, em suas mãos, flores mortas. Arremessou as flores em
uma cova profunda e tratou de cuidar das flores vivas no jardim.
domingo, 15 de julho de 2012
FBI, POLICE, CNN e BBC
Toda história tem um começo, essa não sei ao certo quando teve seu início.
É costume meu livrar-me do tédio e dos dias insípidos, conhecendo meus lados obscuros.
Algumas vezes a sala me basta, uma música, um bom filme, cheiros, inspirar, expirar, um livro. Outras vezes, tudo isso me sufoca e saio sem rumo, sem mapas, apenas armada de um caderno, lápis, borracha e uma câmera fotográfica.
Nessas vezes, deixo meus pés e olhos me guiarem, procuro a beleza, onde quer que ela esconda. Sempre me impressiono com detalhes que passam despercebidos em dias comuns, ruas comuns cheias de gente e barulho do comércio, dos carros. Os domingos são ótimos para expor os "segredos" de uma cidade.
Esse pode ser o começo, domingo, sol persistente, mas que não espantava o vento frio e cortante do centro vazio da cidade.
Deixei que as luzes, neste caso a falta delas, me guiassem por um túnel que sempre me chamou, mas que até então não havia me empurrado para dentro dele. Lugar simples, sereno, mas enigmático, belo por sua sujeira e luzes piscando.
Ao sair dali, me deparo com ruas conhecidas, ao menos era o que eu pensava. Resolvi deixar os meus pés me levarem por uma longa avenida, mas ele, no meio do caminho, decidiu voltar e seguir por um caminho novo.
Um viaduto, carros, sol e frio me levaram até uma placa com a seguinte inscrição: Casa da Cidadania, onde apontava que esta ficava à direita. Não sei ao certo se foi espanto, ou riso irônico, mas a dita placa apontava para debaixo de um viaduto, onde se via um comércio informal (ou camelôs), já fechados e uma quantidade muito grande de moradores de rua, todos ao sol, procurando um modo de se aquecerem, conversavam, riam, alguns comiam, outros faziam suas necessidades sem a menor cerimônia, alguns deitados em papelões. Não sei ao certo o que senti, mas me senti constrangida de alguma maneira em registrar com uma foto essa cena. Não foi medo, passei por ali tranquilamente, observando e pensando em tudo.
Não é aquele moralismo de "agradeça o que tem", não foi pena o que senti, vi mais vida ali entre aquelas pessoas do que em muitos outros lugares que já fui.
Meu pensamento na hora foi apenas :A vida é um circo de horrores, mas ainda assim, um espetáculo.
Quanto ao título, estava escrito com tinta branca no guarda-chuva de um senhor negro e sorridente que andava tranquilamente pela sarjeta do viaduto.
Ana Flávia.
sexta-feira, 13 de julho de 2012
Don't cry - Fight Club
Os olhos secos, assim como ofegava sua boca, som quente, constante, profundo.
Sua respiração era sua alma gritando: Don't cry, baby.
"Every people die", ecoava o filme na TV. "She is a liar".
Todos dormem, mas a casa não, tem sua própria vida, cor, não alcançava a água..."Thank you, Chloe".
Som ácido: I'm not a liar. Ar ácido, cor ácida. I want you!
Nunca vai esquecer o gosto ácido daquela luz laranja... Escreveu na parede para não esquecer.
"What want you?"
Ela não sabe, pobre.
Velha, esquecida, chapada.
Desejava e odiava o próprio corpo, lhe percorrendo com as mãos agressivas.
A alma continuava a gritar em sua respiração.
Não entende as legendas, só sabe que há outra pessoa, mas não outra alma.
"Welcome", ao mundo desnudo de uma noite fria e embaralhada.
"I pray for a crash!"
Uma nova marca no corpo, travessuras do tempo perdido.
"Tyler!"
"Silence!"
Cão, maldito, não para de latir.
"That's my car!"
Todos gritam, todos lá fora, todos dentro de si! Tão leve e tão funda.
"Please, sorry!"
Era como ser invadida, possuída, voa nas profundezas.
A alma lhe sai por entre os dedos, escorrega e percorre as linhas, absorta ou em transe, a receber uma entidade, possuída por outra entidade e resolvem brincar de roda, recitar poesias e embriagar-se de cheiros e fumaça.
De mãos dadas a tocar os seios uma das outras, a se sentirem uma.
"What?"
Gritam, choram e riem!
"It's crazy!"
Se batem, se sangram, se curam.
"Tyler Durden!"
Cor, gosto e cheiro ocre!
"Fight Club!"
Aos poucos a alma voltava para o corpo, percorria-lhe a mão, braços e, vagarosamente, os pés frios.
"Stop!"
Sangue ocre, filme ocre.
Sua respiração era sua alma gritando: Don't cry, baby.
"Every people die", ecoava o filme na TV. "She is a liar".
Todos dormem, mas a casa não, tem sua própria vida, cor, não alcançava a água..."Thank you, Chloe".
Som ácido: I'm not a liar. Ar ácido, cor ácida. I want you!
Nunca vai esquecer o gosto ácido daquela luz laranja... Escreveu na parede para não esquecer.
"What want you?"
Ela não sabe, pobre.
Velha, esquecida, chapada.
Desejava e odiava o próprio corpo, lhe percorrendo com as mãos agressivas.
A alma continuava a gritar em sua respiração.
Não entende as legendas, só sabe que há outra pessoa, mas não outra alma.
"Welcome", ao mundo desnudo de uma noite fria e embaralhada.
"I pray for a crash!"
Uma nova marca no corpo, travessuras do tempo perdido.
"Tyler!"
"Silence!"
Cão, maldito, não para de latir.
"That's my car!"
Todos gritam, todos lá fora, todos dentro de si! Tão leve e tão funda.
"Please, sorry!"
Era como ser invadida, possuída, voa nas profundezas.
A alma lhe sai por entre os dedos, escorrega e percorre as linhas, absorta ou em transe, a receber uma entidade, possuída por outra entidade e resolvem brincar de roda, recitar poesias e embriagar-se de cheiros e fumaça.
De mãos dadas a tocar os seios uma das outras, a se sentirem uma.
"What?"
Gritam, choram e riem!
"It's crazy!"
Se batem, se sangram, se curam.
"Tyler Durden!"
Cor, gosto e cheiro ocre!
"Fight Club!"
Aos poucos a alma voltava para o corpo, percorria-lhe a mão, braços e, vagarosamente, os pés frios.
"Stop!"
Sangue ocre, filme ocre.
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