segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Tarde metropolitana

A raiva se apossou de mim, talvez
fosse o calor, o suor ou as pessoas que nos esbarram sem nos ver, ou eu seja
mais provinciana que pensava. Todo alvoroço dos motores e buzinas, os
xingamentos pela falta de paciência, o vai-e-vem apressado e a inércia diante
do caos.
A falsa segurança trotava em seus
cavalos motorizados por entre as pessoas invisíveis, o excesso e a miséria
transitavam por entre as portas abertas e as promoções anunciadas.
Tudo é descartável, plástico, olhos,
boca, peitos, o que se come, o que se bebe, o que se cheira, flores! E o sol a
contorcer tudo!
Da raiva a piedade foi um átimo. A
tragédia coletiva se encerra no aperto do coletivo, onde os rostos mostram
feições parcas, repletas de cansaço e um fio de esperança ao sinal da cruz por
entre o caminho. O desejo é que no fim do arco-íris haja um lugar para recostar
e dar o descanso merecido ao corpo maltratado.
Ser consciente com um quociente
injusto é tarefa impossível, requerer forças de uma massa cansada é covardia.
O que resta é o dia seguinte, quando
o sol novamente anunciar que mais um dia se repete. Por hoje, sol posto, dia
morto.