sexta-feira, 22 de junho de 2012

Um dia é poesia
No outro, vapor.
Foge das mãos o dia
Transmuta a alma em dor
Vem de onde o que angustia?
Quando chega a agonia
Ao primeiro sinal do corpo, o calor.
Nua
Una
Nua
Numa
Linha Linda
Nua 
Una
Numa
Janela Aberta
Nua
Una
Estrela ao dia
Nua
Una
A se fundir, música e poesia.
Pianos e Martelos
Tambores insanos
Sangue
Não, não, não
Insistem as mãos.
Insistente piano.
Morte, mente.
Não param os pianos.
Sangue, mente
Não procure o sentido
Ele está lá com ela
E não há pianos e martelos.
Os olhos têm mais fome que a boca
Alimenta os olhos com cores e luz.
Desperta uma alma de boca seca.
Os olhos têm mais fome.
Na boca, sede e sede à alma.
E as mãos não obedecem.
Os olhos têm mais fome
Alimenta os olhos com música,
Ruídos de uma mente insana.
Os olhos têm mais fome.
Alimenta os olhos com cheiro,
Mato seco, terra molhada.
Mas os olhos ainda tem mais fome que a boca.
Sonho
Com tempo, vento, soluços, risos, ternura, raiva, indignação, abraço, diálogo, revolução.
Há muíto não distingo sonho de realidade, tudo tem sido tão inalcançavel, impalpável, insípido, virtual.
Solidão, clausura, isolamento, ilha, as pessoas se acumulam no vazio, no abismo, se esbarram e não se veem.
Durmo na ânsia do sonho, na busca do real, na espera do sensível, do sabor, do aroma.
Espero, um tempo, um hora, aurora.
Venha, venha!
Da minha vida, você fez música
Da minha alma, gêmea tua
Falta teu braço em minha cintura
E ao teu lado me ver segura.
Venha, Venha!
Não demore o tempo
Para ir de encontro à sua mão,
Quero te embalar no colo,
E num forte abraço sentir seu coração.
Venha, venha!
Que em mim você mora
Por maior que seja meu silêncio
Você está em mim do anoitecer à aurora.


Com todo amor ao meu amigo Danilo.
Me faço de tempos difíceis
Do caos, da desordem
De tempestade.
Com mimnhas asas de porcelana
Me atiro ao abismo.
Um voo, ao céu e ao vento,
Com o doce planar de louça.
Sono, sonhos, sono, sons...
Mais dormindo que vivendo,
Mais sonhando que que vivendo.
De onde vem tanto sono?
De onde vem toda essa vontade sonhar?
Sono, sonhos, sono, sons...
Assim são os dias
Com cores ou não
Sabores e dissabores
Reflexo de nossas almas
De nossos olhos
Horas tristes
Horas irradiando mais que o Sol.
Assim são os dias
Luz e lua
Vento e chuva
Frio e ardor
Andar por entre jardins
Tirar espinhos dos pés
Sensações, emoções, visões.

domingo, 17 de junho de 2012

Perco o chão, 
Perco as estribeiras, 
Perco a compostura, 
Perco o fôlego
Diante de seus olhos.
Perco rumo,
Perco o prumo,
Perco a vergonha,
Perco até o que me resta de candura
Diante de sua figura.
Sorri e me perco em sua boca.
Temo e
Tremo, mas
Teimo,
Treino, invento,
Termos
Ternos,
Tenros, 
Tensos.
Terra,
Terna,
Tento, um
Terço.
Os cães ladram, ladram e ladram, por papéis que voam na noite, por passos nas calçadas. Agitam o silêncio, quebram os espaços e, loucos, deslocam o cheiro calmo pra outro lugar.
Enquanto isso, agito dores vermelhas em meu ventre.
Te ouço, e não é o som da sua voz, é sua respiração intensa, aqui do meu lado, tão perto, tão longe.
Te sinto, e não é o segurar de sua mão, não é a força de seus braços, é seu cheiro e teu gosto que sempre vem à minha boca, à minha memória.
Te vejo, não o seu corpo, nem o seu rosto, apenas seus olhos insanos, que quero dentro de mim, nesse instante, por um instante, um átimo de vida, impulso, a sentir o pulso, me impulsionando pra dentro de ti.
Fragmentada
Cada pedaço, uma
Fragância
Suave, forte, intensa,
Fraca.
De aparência rude, agressiva, mas
Frágil.
E diante do caos, de rios lamacentos,
Franca, admite suas lágrimas, 
E não se envergonha de sua
Fraqueza.
Aquela leveza que me suga, me faz falta.
O ar que puxa e inebria a alma,
O ar que solta e traz a calma.
Os olhos famintos comem o que tem em sua volta.
As mãos insandecidas criam a revolta.
Tem algo me percorrendo, me estremecendo o corpo inteiro. Um desejo louco, uma vontade vadia, de me atirar com a cara e a coragem...
Ah! Coração maldito, te aguenta, não tenta sair do lugar agora, pois o que pode ter é um corpo, o gosto e o cheiro, de todo, que não é resto, vai te sobrar só a saudade.
Uma linha, mas não reta. Curvas, subidas íngrimes, pontes quebradas, monstros e sonhos, nós tediosos, ou angustiantes. Mil cores, cheiros, saem da linha. Como um condutor de combustão, mas não se sabe em que ponto explodirá. 
Certeza, só do seu fim, mas até isso é imprevisível.
Desfaço
Quebro
Mil pedaços
Refaço
Reintegro
Inteira, mas
Mil pedaços
Desintegro.
Ciclos
Círculos
Fim
Início.
Quando quero
Sou tua
Nua e crua
Inteira
Alma e corpo
Brilho e escuridão
Mas
Apenas quando quero.
O amanhã já se fez hoje, o agora está ficando pra trás, como seria bom se todos os relógios fossem destruídos e o tempo passasse por ele mesmo, por um pôr do sol, pelas folhas das árvores caindo, pelas dimensões da Lua, pelas flores abrindo...
E hoje amanheci com o amor correndo pelas veias, inspiro e expiro amor, o transpiro, ele está em minhas mãos, olhos e até no meu cabelo, afague-o e o sentirá esorrer por entre os dedos.
Que o amor seja feito de olhos, boca e corpos, que seja falado, sussurradoo, gemido ao ouvido. Escrito a suor e saliva. Feito sem tempo, feito no peito, pulsando, batendo, engolindo em seco.
E que seja gritado à Rosa dos Ventos, à Via Láctea, ao Universo.
Nâo importa a língua, não importa sua análise morfológia ou sintática, mas que exista e seja concreto, firmamento para os nossos pés.

Costurando palavras

É preciso medi-las primeiro, tem palavras que não cabem em qualquer lugar. se for necessário, ajuste-as ao tamanho ideal.
Costure-as uma a uma com cuidado e zelo, algumas são sensíveis, outras precisarão de um remendo.
Verifique as cores, às vezes um colorido pode alegrar todo um dia, mas tem dias que tons cinzas, ou cores frias, podem fazer bem.
Depois de muito bem costuradas, faz-se o acabamento, ornamentos grandiosos podem agradar os olhos, mas dificultar o entendimento. Dê preferência à simplicidade, à singeleza, à claridade, que encantam a alma e a aquecem.
Se as palavras forem ásperas, deve-se ter o cuidado com possíveis ferimentos, na impossibilidade de preveni-los, acrescente a palavra tempo para que as feridas se fechem e depois cubra as cicatrizes com palavras de conforto, acredite, elas podem curar.
Palavras bem costuradas trazem vida, mesmo na morte,
Terminado o processo, use-as sempre, cubra aqueles que sentem frio, aqueça-os, refresque aqueles que não estão suportando o calor e acalente aos que necessitam. Palavras não custam nada e podem salvar uma vida, alegrar uma alma. 
Mas se for necessário, não costure palavra alguma, apenas ouça o zig zag de outra pessoa as costurando.
NOTA: Uma vez costuradas e lançadas, as palavras marcam, há de se ter cuidado sempre, seu valor é inestimável.



*Um tanto inspirado em "Receita para lavar palavra suja" da Viviane Mosé.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Domingo
Domínio da vida morna
Domina o cansaço cinza
Dom de liberar o tédio aos poucos
Domar os minutos
Domar a alma
Domesticar o corpo para
Doida, revirar tudo e
Doce, renovar a vida.