sábado, 22 de agosto de 2009

Passada a euforia carnavalesca, enfim pude me encher de expectativas e planos para o recém ano.

Era manhã e fazia sol. A sala estava cheia de olhos cansados, daqueles que acusavam uma noite insone. Meu entusiasmo era evidentemente maior do que qualquer um daqueles olhos.

Porém aquela atmosfera ora pálida deu lugar a risos e lembranças. Dispensava apresentação, salvo alguns olhos novos que pude perceber tão iguais aos já conhecidos.

Risos passados era hora do trabalho. Percebi que mesmo não sendo novidade para eles havia muita dificuldade sobre o assunto e mal tinha começado. Depois de muitas perguntas e um enorme e desesperador silêncio, resolvi indagar: - Por que perguntamos? Novo silêncio. Insisti, alguns zumbidos e muita falta de coragem. Enfim: - Por que temos dúvidas, dona. – E por que temos dúvidas? Risos e um sonoro: - Filosofia é coisa de louco, só tem perguntas difíceis. Riso geral.

- Sim, sim, perguntas difíceis. Mas a todo o momento temos dúvidas, das mais banais às mais complexas. Temos necessidade de saber, somos animais complexos, vivemos em sociedade e temos dificuldade de conviver com os outros, temos desejos, fantasiamos, temos esperanças, ambições, paixões. Isso tudo gera dúvidas...

A sala parecia mais leve e todos mais à vontade. Tentei permanecer nesse caminho e fazer com que perdessem o medo de falar também. Infelizmente o tempo pode ser nada amistoso e nada suficiente quando é preciso.

Novas semanas e novos assuntos permeavam os alunos.

Ética, Moral!! Bicho de sete cabeças! Descartes, Sócrates, Aristóteles, Epicuro! Textos excelentes, mas muitas das vezes ininteligíveis para qualquer universitário, em folhas tão bem propagandeadas. Questões tão questionadoras quanto um episódio global vespertino!
Recusei-me a seguir tais absurdos.

- Mas a orientação é essa, professora. É preciso seguir o material.

- Mas como? Não nos dão alternativas, não há como se questionar nada, é aceitar os textos como verdade absoluta e os questionários inúteis?

- Sim, infelizmente.

Desde então, me subverti!!!

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