segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Tempestade


“Sim, há lágrimas”. Pensava e exclamava dentro de si.
Seus olhos marejados se misturavam ao perfume de lavanda que exalava em seu quarto e à música que a fazia flutuar. Não sabia quanto tempo havia se passado desde a despedida dos amigos, não sabia há quanto ela pensava nas lágrimas que teimavam fugir, apenas sentia, sentia o perfume, a música e o gosto salgado que percorria-lhe o rosto. O que importava o tempo agora? A música e o perfume lhe penetravam a alma e louca se pôs a dançar, dançar...
Seus movimentos não seguiam aquilo que ouvia, assim como as lágrimas que não tinham o sentido habitual de outrora, elas penetravam não a alma, mas seus dentes escancarados das gargalhadas que se juntavam ao fundo musical que rodava de mãos dadas com ela.
Exausta deitara-se no chão, de braços abertos, como se quisesse redimir o tempo por tudo o que lhe havia imposto até então. Agora o tempo pertencia a ela e ele teria que se sujeitar aquele momento.
A música chegava ao fim, os últimos acordes, a última melodia saia da caixa de som direto para sua boca, quando a última nota entrou, cerrou-se os lábios, cerrou-se o pranto, cerrou-se o riso. Guardara tudo para si. Agora os braços não estavam mais abertos, fecharam-se e abraçaram-se. Seus olhos fecharam-se e ali morreu para o dia.

Ouvindo Storm - Godspeed You! Black Emperor

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