terça-feira, 3 de abril de 2012



Balzaquiana? Talvez.
Se olha no espelho todas as noites por puro narcisismo, ou não, depende da noite. Mexe nos cabelos, se despenteia, se arruma, sorri, sabe de cada linha que o tempo esculpiu. Os olhos fundos de insônia, furos de uma rebeldia tardia no canto da boca. Só não gosta de se ver quando chora, pois verdade demais machuca, mas gosta do olhar triste que é frequente.
Não é bem resolvida com o corpo, mas isso é segredo. Porém não se envergonha da nudez, conhece seu corpo, da dor ao prazer e adora sexo. Pudores? Não sabe se tem.
É calada com a maioria das pessoas, mas adora discursos polêmicos e chega a ser esnobe em certas ocasiões.
Mas é só encontrar uma alma parecida para se transformar em menina, confiança, cumplicidade...
Queria ter alma de artista, teima em transformar tudo em poesia, mas é melhor admiradora que poeta.
E tudo é intenso e muita coisa efêmero, fugaz, outras ela cativa propositalmente pois depende delas para viver. Egoísta, mas altruísta.
Tem fé, mas não tem credo.
É mãe a descobrir o que é ser mãe.
Ama, ama, ama, ama, em todas as suas formas. E sofre.
Tem poucos segredos. Sonha o dia todo, mas tenta não dar margem às ilusões.
Acredita em pessoas, mas não na humanidade, sim, é confusa.
Ainda fica indignada com muitas coisas.
Vê beleza onde quase ninguém vê, vê sentido onde não tem sentido, talvez invente, mas o que é belo é por ser e ponto.
Já brigou, discutiu, quebrou coisas, se afastou de pessoas que amava sem nenhuma explicação.
Já traiu, já se traiu e a mentira existe. Às vezes cobra a verdade, às vezes acredita na mentira. Aliás se questiona sempre a respeito desses e de outros conceitos.
Temia a morte, desejou a morte.
Já se pintou inteira, desenhos desconexos em seu rosto, peito, braços por pura diversão.
Consegue ouvir música por sua beleza sem se lembrar de ninguém.
Já chorou por ver cenas de sublime beleza.
Se diverte sozinha.
Não gosta de Sol, gosta de vê-lo indo embora...
Já tomou vários porres, por farra ou tristeza.
É especialista em monólogos.
Tem crises de vaidade e desleixo.
Gosta do caos e de borboletas.
Vez ou outra desenha apenas para si mesma.
Anda nas ruas prestando atenção nos gestos das pessoas, gosta de observá-las, mas de longe.
Nunca beijou uma mulher, mas amou e ama algumas.
Tem um memória que assusta nos detalhes.
Guarda cheiros na alma e sente o gosto das cores.
E tenta a todo custo, todos os dias viver e escapar da normalidade da sobrevivência. A loucura a atrai.
Não quer pular de pára-quedas, prefere precipícios.
Se afeiçoa aos mendigos, pedintes, trabalhadores de semáforos, não por piedade, mas pela vida que eles possuem e as pessoas comuns não.
Falta-lhe coragem para muita coisa.
Já se importou mais com o trabalho.
Já pediu perdão em público.
Já perdeu pessoas queridas.
Gosta de mãos.
Gostava mais da casa quando tinha menos coisas.
E por hoje tem fome, mas não tem bolachas de chocolate então foi dormir.

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