domingo, 15 de julho de 2012

FBI, POLICE, CNN e BBC


Toda história tem um começo, essa não sei ao certo quando teve seu início.
É costume meu livrar-me do tédio e dos dias insípidos, conhecendo meus lados obscuros. 
Algumas vezes a sala me basta, uma música, um bom filme, cheiros, inspirar, expirar, um livro. Outras vezes, tudo isso me sufoca e saio sem rumo, sem mapas, apenas armada de um caderno, lápis, borracha e uma câmera fotográfica.
Nessas vezes, deixo meus pés e olhos me guiarem, procuro a beleza, onde quer que ela esconda. Sempre me impressiono com detalhes que passam despercebidos em dias comuns, ruas comuns cheias de gente e barulho do comércio, dos carros. Os domingos são ótimos para expor os "segredos" de uma cidade.
Esse pode ser o começo, domingo, sol persistente, mas que não espantava o vento frio e cortante do centro vazio da cidade.
Deixei que as luzes, neste caso a falta delas, me guiassem por um túnel que sempre me chamou, mas que até então não havia me empurrado para dentro dele. Lugar simples, sereno, mas enigmático, belo por sua sujeira e luzes piscando.
Ao sair dali, me deparo com ruas conhecidas, ao menos era o que eu pensava. Resolvi deixar os meus pés me levarem por uma longa avenida, mas ele, no meio do caminho, decidiu voltar e seguir por um caminho novo.
Um viaduto, carros, sol e frio me levaram até uma placa com a seguinte inscrição: Casa da Cidadania, onde apontava que esta ficava à direita. Não sei ao certo se foi espanto, ou riso irônico, mas a dita placa apontava para debaixo de um viaduto, onde se via um comércio informal (ou camelôs), já fechados e uma quantidade muito grande de moradores de rua, todos ao sol, procurando um modo de se aquecerem, conversavam, riam, alguns comiam, outros faziam suas necessidades sem a menor cerimônia, alguns deitados em papelões. Não sei ao certo o que senti, mas me senti constrangida de alguma maneira em registrar com uma foto essa cena. Não foi medo, passei por ali tranquilamente, observando e pensando em tudo.
Não é aquele moralismo de "agradeça o que tem", não foi pena o que senti, vi mais vida ali entre aquelas pessoas do que em muitos outros lugares que já fui.
Meu pensamento na hora foi apenas :A vida é um circo de horrores, mas ainda assim, um espetáculo.
Quanto ao título, estava escrito com tinta branca no guarda-chuva de um senhor negro e sorridente que andava tranquilamente pela sarjeta do viaduto.

Ana Flávia.

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