domingo, 17 de junho de 2012

Costurando palavras

É preciso medi-las primeiro, tem palavras que não cabem em qualquer lugar. se for necessário, ajuste-as ao tamanho ideal.
Costure-as uma a uma com cuidado e zelo, algumas são sensíveis, outras precisarão de um remendo.
Verifique as cores, às vezes um colorido pode alegrar todo um dia, mas tem dias que tons cinzas, ou cores frias, podem fazer bem.
Depois de muito bem costuradas, faz-se o acabamento, ornamentos grandiosos podem agradar os olhos, mas dificultar o entendimento. Dê preferência à simplicidade, à singeleza, à claridade, que encantam a alma e a aquecem.
Se as palavras forem ásperas, deve-se ter o cuidado com possíveis ferimentos, na impossibilidade de preveni-los, acrescente a palavra tempo para que as feridas se fechem e depois cubra as cicatrizes com palavras de conforto, acredite, elas podem curar.
Palavras bem costuradas trazem vida, mesmo na morte,
Terminado o processo, use-as sempre, cubra aqueles que sentem frio, aqueça-os, refresque aqueles que não estão suportando o calor e acalente aos que necessitam. Palavras não custam nada e podem salvar uma vida, alegrar uma alma. 
Mas se for necessário, não costure palavra alguma, apenas ouça o zig zag de outra pessoa as costurando.
NOTA: Uma vez costuradas e lançadas, as palavras marcam, há de se ter cuidado sempre, seu valor é inestimável.



*Um tanto inspirado em "Receita para lavar palavra suja" da Viviane Mosé.

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